Guerra
Fevereiro 02, 2018
Não sei o que será mais trágico.
A guerra, ou cenário depois dela.
Já nem o céu é azul, apesar das próprias nuvens terem também fugido do canto refundo,
partido, destruído, largado e sem rumo.
Chegou um anjo renegado, sem casa nem asas,
e retira a cor do mundo com um pinceladas que se desfazem em cinza.
E depois dos gritos, e das perdas, e da dor,
o vácuo sinistro e devastador
de um mundo cantando sem som.
Sai fumo das ruínas, sai fumo, na verdade, até do ar.
É tudo um gigantesco presságio,
é tudo um absurdo de bocados.
Vazio que estraga, que esmaga
porque faz prever o que outrora foi.
Mas o silêncio moribundo de mundo triste e partido,
estoira em cor e esperança, na voz que vem do fundo,
e canta e encanta,
sobre a força que nos une.
Que nos levanta, outra vez, para voltar a reerguer,
não as casas, ou muros, ou as coisas que adornam a vida,
mas a fé e a esperança
na possibilidade de voltar a ser.
E há guerras que são de fora,
E outras que são de dentro.
E nunca sei, quando as vejo,
Aquilo que será mais trágico.
Se é o grito do princípio,
Ou o silêncio que vem no fim.
(sobre músicas que são histórias)